11. Unaqui
Eu estou aqui
Unaqui, que dá título a este hino, talvez seja corruptela de "um aqui?,[78] o que corroboram os versos iniciais Eu estou aqui, e reafirma a filiação espiritual de Raimundo Irineu Serra Sou filho da Virgem Mãe Mestre Irineu recebeu esse hino na noite de Quarta para Quinta-feira Santa[79], e ele refere-se à crucificação de Jesus. Sofreu na cruz Aqui a acusação infame: ?Quem o matou foram os judeus?;[80] seguida da remissão, pois O Crucificado rogou "Pai, perdoa-lhes; eles não sabem o que fazem"[81], portanto Na Judéia foram todos perdoados No Catolicismo - tanto o tradicional como o popular - até a primeira metade do século XX os judeus sempre sofriam essa abjeta inculpação, o que alimentou o racismo contra esse povo. Só após a II Guerra Mundial e a revelação ao mundo dos horrores sofridos pelos judeus nas mãos do nazismo é que houve uma diplomática aproximação entre judeus e cristãos, o que resultou numa retificação do ensino cristão a respeito do semitismo. Concluiu-se que ?não se deve empregar a palavra ?judeu? para designar exclusivamente os inimigos de Jesus?,[82] e que ?não se deve apresentar a Paixão de Jesus, como se todos os judeus, ou somente os judeus, tivessem incorrido na odiosidade da crucificação?.[83] Pois Não foram todos os judeus que pediram a morte de Jesus, nem foram somente judeus que se responsabilizaram por ela. A Cruz, que salva a humanidade, revela que Cristo morreu pelos pecados de todos. Pais e mestres cristãos deveriam ser alertados a respeito de sua grande responsabilidade na maneira de narrar os padecimentos de Jesus. Se o fazem de uma forma superficial, correm o risco de fomentar aversões no coração das crianças ou dos ouvintes. Numa mente simples, movida de um ardente amor compassivo pelo Salvador crucificado, o horror natural dos perseguidores de Jesus pode facilmente tornar-se, por motivos psicológicos, ódio indiscriminado pelo judeu de todos os tempos, inclusive de nossos dias.[84] A Igreja Católica inicia então uma lenta mudança de mentalidade na sua liturgia, até quando o papa João XXIII (1958-1963) compreendeu a infelicidade das acusações ao povo judeu e durante o Concílio Vaticano II elimina toda e qualquer menção aos judeus como assassinos do Cristo. Este hino, recebido antes dessa orientação papal, ainda trás a tradição católica desse estigma. Estou aqui Nos versos finais Mestre Irineu declara dar seguimento à Missão de Jesus Cristo, ensinando a todos os seus irmãos, porém o povo ingrato não o ouve, não o obedece, pois preferem o mundo de ilusão. Notas: [78] TEIXEIRA de FREITAS, L.C. O Mensageiro. Disponível em http://www.juramidam.jor.br/09_lua-cantar.html Acesso em 20 de abril de 2005.
[79] Percília Matos da Silva em entrevista a MAIA NETO, Florestan J. Contos da Lua Branca. V. 1. Rio Branco: Fundação Elias Mansur, 2003, p. 25.
[80] Versos que constrangem os irmãos daimistas judeus.
[81] Lucas 23:24.
[82] Disponível em <http://www.jcrelations.net/pt/?area=Declara%E7%F5es&category=Romano-Cat%F3licas#historia> Acesso em 15 de outubro de 2005.
[83] Ibidem.
[84] Disponível em <http://www.jcrelations.net/pt/?area=Declara%E7%F5es&category=Romano-Cat%F3licas#historia> Acesso em 15 de outubro de 2005.
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